Quando uma necessidade se transforma em uma Escolha

       Sabe quando uma coisa muda completamente sua vida? 

Foi assim com a Honda PCX. Minha PCLiz, a moto que me faz tão feliz. Nesse post vou contar o motivo da moto ter mudado tanto minha vida e porque não consigo viver mais sem ela.

   COMO TUDO COMEÇOU

 A escolha de andar de moto surge, na maioria das vezes, de uma necessidade de suprir a demanda de transporte, e passa a ser um estilo de vida. Antes de ter uma moto eu quase não tinha qualidade de vida, passava 3 horas dentro do ônibus por dia, e gastava quase R$300,00 por mês com passagem de ônibus. Amigos que moravam em cidades do lado de Belo Horizonte, como Contagem, Nova Lima (região metropolitana) gastavam menos tempo que eu, que morava em BH, para chegar a Universidade. E era um tempo não-existência o tempo que ficava dentro do ônibus. Para não ser um tempo improdutivo fiz uma pesquisa sobre "O assédio que as mulheres sofrem dentro transporte público", tema importante na atualidade, pauta para um futuro post. Ou seja, além de muito dinheiro gasto, era muito tempo e energia despendida. Foi o momento que decidi tirar carteira de moto (2014).

PRIMEIRAS DIFICULDADES

Quando você decide tirar a carteira de moto e conta para alguém, a tendência é a pessoa te desestimular, dizer que andar de moto é perigoso, mas você está determinado e vai mesmo assim. Em um momento da aula prática você acha que não dá conta e que não foi feito para andar de moto, vem a vontade de desistir, mas algo lá no fundo te faz insistir, você quer aquilo, persiste, treina, erra, acerta, refaz, aprende, você não joga a toalha. Dizem que sem persistência não há vitória, não podemos desistir. Quando fui fazer o exame prático guardei segredo, nem minha mãe sabia. Controlar meu nervosismo através da respiração foi fundamental, pois consegui manter a calma e concentrar naquilo que precisava fazer. Tirei carteira na primeira tentativa e foi uma sensação de alegria muito intensa, estava me realizando e senti que querer é poder.

      Com a permissão em mãos me dei conta que aprendi a fazer o exame, mas não sabia andar de moto na rua! Aí veio a insegurança, dava frio na barriga, mão suava, passava mal, inventava mil desculpas para não pegar moto e foi um processo de acreditar em mim e não deixar meu psicológico acreditar que era incapaz. Quem diria que iria até para Espírito Santo com ela? A moto simboliza para mim SUPERAÇÃO.

A palavra EMPODERAMENTO é bem emblemática, porque me senti no poder da minha própria vida, com autonomia de ir e vir aonde e quando quisesse. Pilotando minha moto relembro que sou eu estou no controle da minha vida. A moto está me ajudando a realizar um dos meus maiores sonhos: viajar o máximo que puder. Ela tem me levado longe e sei que esse é só o começo!

Sabe um mês, onde tudo que pode acontecer com sua moto, acontece?

Você leva um tombinho. 

Pega a pior chuva de sua vida quando esta voltando pra casa, com muita ventania e início de granizo, e sente que há algo te protegendo.

 A moto pára de funcionar (imagina isso acontecendo numa moto automática como a PCX?). E  descobre que assim como você, há grupos de pessoas apaixonadas por suas Scooters. Foi assim com o PCX Club Amigos entrei no grupo e fui convidada a ser administradora. Foram 1 ano e meio com muitos  happy-hours, passeios, viagens e bons momentos juntos, nesse outono decidi ser motociclista Independente. A palavra LIBERDADE tornou-se ainda mais significativa.   É ter a sensação de se sentir parte, sem necessariamente pertencer a um grupo. É permear o meio do motociclismo, estar presente em eventos, passeios e encontros compartilhando bons momentos, sabendo que participar de um motogrupo ou motoclube pode ser bom, mas que a experiência de seguir carreira solo pode ser tão incrível quanto. 

2017: O ANO DAS VIAGENS

Sem dúvidas foi o ano que mais viajei na minha vida, perdi a conta de quantas cidades conheci, e mais de 20 foram de moto! Em janeiro fiz minha primeira “viagem curta de moto”, Topo do Mundo, uma vista que te deixa sem fôlego, fui em grupo e depois peguei gosto, mal conseguia conter a emoção, afinal consegui juntar vários hobbies ao mesmo tempo: andar de moto, estar com a natureza, fotografar, e estar em boa companhia! A medida que fui ganhando experiência na estrada, os passeios foram aumentando de quilometragem.  Aí vieram as viagens intermunicipais (que merecem um post só pra elas). A primeira foi em setembro com 5 amigos do PCX Club Amigos: com destino de Aparecida do Norte - São Paulo fomos numa sexta bem cedinho, 3 dias de emoções intensas, e muita alegria e gratidão no peito, ao lado de pessoas incríveis. 

Em dezembro já estava viajando rumo a Santa Teresa - Espírito Santo a convite do meu amigo Barba na Estrada para uma confraternização de final de ano do grupo Rota das Montanhas. Nunca fiquei tanto tempo em cima da moto, e essas 11 horas de viagem não foram o bastante para tirar minha energia para sairmos depois que chegamos. E assim, sem conhecer ninguém do grupo além desse amigo, fui abraçada e acolhida por pessoas sensacionais, foi assim que conheci o verdadeiro significado de Motociclismo, vínculos criados através da moto e que existem até hoje, apesar da distância física.

A moto me deu mais qualidade de vida, menos tempo no trânsito, e mais economia, me ofertou autonomia para ir e vir quando quisesse. Ela me obrigou a encarar meu próprio medo, superando limitações, e fez com que eu confiasse mais em mim mesma... Já perdi as contas de quantas pessoas ela já me apresentou. Na estrada da vida encontrei essa companheira, que me leva longe, para além de quilometragens percorridas, que esta me ajudando a realizar sonhos, e faz com que me torne cada vez mais quem eu sou...

                                                                                                   Crédito Foto: Daniel Azevedo Oficial

                                                                                                             Local: Praça da Liberdade - BH