Ser garupa depois de se tornar piloto

Quando se aprende a pilotar descobre-se que a moto não é apenas mais um veículo que se conduz, mas que você interage. A moto passa a ser extensão do seu corpo e segue seus movimentos. Você precisa confiar na sua habilidade e fazer da moto sua parceira. Sendo a moto extensão do corpo de quem pilota, a garupa precisa ter cumplicidade para seguir os movimentos do piloto, pois não se é apenas garupa, mas co-piloto.

Tem que ter confiança em quem esta pilotando, a diferença é que antes você não tinha tanta noção do trânsito e manobras, depois que você pilota sua atenção fica ligada, sem como deixar de lado. Ali atrás do piloto você fica observando, o radar mental alerta, vendo se ele não irá cometer nenhum deslize,  vivendo a sensação de andar de moto por outro ângulo.  Quando se passa em um corredor e esta na garupa... noooossa seeenhora! Eu só penso:" eu confio em quem ta pilotando" e tento não respirar fundo para não balançar a moto!rss

Eu comecei sendo garupa, tirei carteira para deixar de sê-lo, fazem 4 anos que piloto minha scooter e conto na palma de uma mão quantas vezes peguei garupa e ainda sobra dedo..rs É preciso confiança, afinal a essa pessoa você entrega sua vida e a pessoa que sobe na sua garupa não é diferente, você é responsável por ela.  Ainda prefiro pilotar, no início me sentia entendiada sentada ali atrás nas viagens, mas descobri outro significado. Nessa relação não só se confia, mas se é  confiado, é mútuo, existe ainda que inconsciente reciprocidade. 

Ao segurar na pessoa que esta pilotando você está abraçando "um mundo"e também se torna oportunidade de ficar agarradinho sentindo o calor da outra pessoa. Rs  É momento de contemplar as paisagens e viajar para além da estrada, mas mergulhando dentro de si mesmo, voltando no passado, imaginando futuro, mas sentindo o presente, o vento que percorre o corpo e no destino que se aproxima a cada quilômetro percorrido e cada minuto vivido.

 São duas pessoas buscando chegar a um mesmo destino, a cumplicidade de seguir os contornos da estrada, permitindo-se acompanhar os movimentos do piloto, pois a moto passa a ser uma extensão e a garupa parte de quem pilota, como uma unidade sincronizada que enfrenta quilômetros, curvas, buracos e desafios estando juntos pelo  que vier pela frente.

Pensando bem, talvez não seja desconfortável ser garupa, de vez em quando! Kkkk